A advocacia 4.0 é um tema recorrente em diversas mídias. Você já deve ter lido vários textos e visto inúmeros vídeos sobre o papel da tecnologia no direito. Não é mais uma questão do futuro, mas sim do presente.

A mudança trazida pela tecnologia em diversos setores já pode ser sentida por todos, de uma forma ou de outra.

E o direito não está fora desse contexto. Apesar de ser um setor tradicional e um pouco avesso à mudanças, já se sente a presença cada vez maior da tecnologia no mundo jurídico.

E a presença cada vez maior da tecnologia tem assustado alguns profissionais do direito, em especial aqueles que iniciaram as suas carreiras quando a pesquisa de jurisprudência era feita em compêndios físicos (coletâneas de jurisprudência) e o grande avanço tecnológico em seus escritórios foi a compra do computador como substituto da máquina de escrever.

A tecnologia será implantada cada vez mais no setor jurídico e você precisa estar preparado para isso.

A tecnologia não deve ser vista como algo excludente. Ao contrário, tem demonstrado ser uma ferramenta democrática, que permite advogados autônomos, pequenos e médios escritórios a ter o seu espaço no mercado jurídico.

Antes, a instalação de um escritório tradicional, com locação de prédio, contratação de secretária, assinatura de Coletâneas era extremamente cara. A cada dia, com a tecnologia, bem como com a mudança cultural, com a adoção de espaços de coworking, o custo do investimento vem diminuindo a cada ano.

O advogado será substituído pela tecnologia?

Essa é uma pergunta que perpassa a cabeça de vários profissionais e estudantes do direito. o advogado não será substituído pela tecnologia. Vários especialistas apostam que a tecnologia irá se integrar com bastante sucesso na realização de tarefas repetitivas, deixando o advogado com mais tempo para o atendimento ao cliente, à pesquisa e estudos de caso, isto é, a pensar.

O advogado terá mais tempo para estudar e pensar o caso, concentrando-se no essencial da profissão, que é a análise de casos e a criação de teses jurídicas.

Porém, tornar-se um advogado 4.0 não se resume a aquisição de sistemas e equipamentos tecnológicos. Começa pela mudança de mentalidade, de cultura, da forma como enxerga a sua profissão e de como se adaptar às exigências do Século XXI.

Respondida à pergunta de que todo advogado pode se transformar em um advogado 4.0, adaptado à essa nova economia, à revolução industrial 4.0, outra dúvida costuma surgir.

 

Quais passos preciso dar para me tornar (ou começar a me tornar) um advogado 4.0?

 

Não se assuste, não é necessário ter grandes somas de dinheiro para fazer a transição da advocacia, digamos, analógica, para a advocacia 4.0. Alguns passos precisam ser dados, entre eles:

• Mudar a mentalidade, ou como se costuma dizer na psiciologia, o mindset. Você precisa repensar os conceitos e os modelos aprendidos na faculdade, ler livros e textos além dos jurídicos, ampliar os seus conhecimentos e habilidades.

• Aprender novas habilidades (Skills). Se você for olhar para a grade curricular da faculdade de direito, ela permanece no formato do século passado, isto é, formando profissionais para atuar no Século XX, quando as exigências que o mercado irá fazer aos formados são do Século XXI. Assim, existe um grande descompasso entre o currículo das faculdades de direito e os desafios que serão enfrentados pelos profissionais. Desta forma, procure desenvolver habilidades além do conhecimento jurídico. Por exemplo, aprenda programação, Data Science, técnicas de mediação, entre outras habilidades. Utilize a própria internet para ter acesso a vários cursos.

• Pesquise o mercado e veja quais plataformas já estão à disposição dos profissionais da advocacia. Plataformas essas que podem ser utilizadas para ganho de produtividade, redução de custos, melhora no gerenciamento de pessoas e processos no seu escritório. Bom frisar que essas plataformas também podem ser utilizadas pelo profissional autônomo, pois no mercado existem várias de boa qualidade a preços acessíveis. Essas plataformas podem ser utilizadas para assinatura de contratos digitais, gerenciamento de escritórios, reuniões pela internet, evitando, assim, deslocamento desnecessário e ganho de produtividade, ou seja, todas essas plataformas devem ser utilizadas para otimizar o seu trabalho e você precisa estar atualizado com elas.

• Marcar presença na internet. Você precisa marcar presença na internet, quer através de um site oficial, um blog, em redes sociais. Criar conteúdo em seu site e disponibilizá-lo nas diversas redes sociais é uma excelente forma (e sustentável) de marcar presença online e de se tornar uma autoridade na sua área, de forma independente, sem precisar angariar espaço em jornais, revistas ou outra mídia que talvez você não tenha ainda acesso. Mantenha uma presença digital forte e consistente. Porém, lembre-se, mais importante do que a frequência das suas postagens, o conteúdo é o alicerce sobre o qual você irá construir a sua marca profissional.

• Cursos online.Assim como você produz conteúdo e disponibiliza na internet, você deve utilizar a rede mundial de computadores para se atualizar, fazer cursos, ler artigos acadêmicos, reportagens sobre inovações tecnológicas, sobre direito digital, economia compartilhada, entre outros temas atuais.

 

Essa relação acima não é exaustiva. Mas penso que é um bom começo para você implementar a sua transição do modelo tradicional de advocacia para o modelo 4.0. Também é um indicativo para você reforçar a sua advocacia 4.0, pois nunca é demais analisar o que estamos fazendo para se fazer eventual correção de curso.

Não deixe para começar amanhã, pois essa já é a realidade presente e a tendência será uma transição exponencial nesse sentido e quem não se adaptar fatalmente ficará fora do mercado.

Então, quanto mais cedo você começar, maiores serão as suas chances. E outro ponto importante, que está inserido na questão da mudança de mindset, é que o aprendizado e adaptação são constantes, pois a realidade e a informação mudam constante e rapidamente.